quinta-feira, dezembro 02, 2010
A garota perfeita
Temos que fazer as unhas. Que tipo de imagem você quer passar com unhas quebradas? Sabia que você esta sendo analisada pelos detalhes? Unhas e cutículas não tratadas demonstram que você é desleixada.
Temos que ser magras. Mas com seios voluptuosos e bunda durinha, é claro. Pele de pêssego, sobrancelhas no lugar, dentes branquíssimos e nada de pelos supérfluos. Depilação é essencial : pernas, axilas e a dolorosa área do biquíni.
Devemos contar as calorias, fazer opções saudáveis para o jantar e agradar a todos com os nossos talentos culinários. Afinal de contas, uma mulher deve ter domínio da sua casa : almofadas fofinhas, cortinas combinando com o sofá, flores frescas no vaso e um balcão de cozinha impecavelmente limpo.
É fundamental ter sucesso financeiro. Para atingir esse objetivo devemos consagrar anos e anos de nossas vidas e muitos números de nossas contas bancárias investindo na nossa educação : universidade, inglês, espanhol, informática.
No trabalho, nada menos que o céu como limite! Vestidas para governar em nossos terninhos super fashion e sapatos de salto com bico pontudos, é importante estar sempre pronta a enfrentar desafios, criar novos projetos e trabalhar horas a mais para ter certeza que tudo e todos estão funcionando como planejado. Estar disponível 24 horas e sete dias por semana. Desligar o celular do trabalho no fim de semana? Nem pense nesse sacrilégio - A mulher contemporânea deve estar sempre em controle da sua vida profissional.
Freqüentar a academia é parte do plano de desenvolvimento. Braços torneados e abdominais de competição prontos para desfilar a ultima moda de vestidinhos colantes e reveladores. Lábios carnudos sempre atraentes, cabelos limpos e escovados, chapados ou enrolados e aquele ar de juventude saindo por todos os poros. Seduzir o sexo oposto e estar sempre pronta a responder à propostas de sedução é prioridade. Devemos ter em mente que nossos maridos, namorados e companheiros ou companheiras estão cercados de pessoas atraentes. Para desbancar a competição, estar sempre bela e pronta para a ação é muito importante. Nunca negue fogo.
Para sentir-se completa e realizada como integrante do sexo feminino, nada como a maternidade. Trazer ao mundo seres humanos novinhos em folha e dedicar a sua vida a cria-los e educa-los é sublime! Longas horas de insônia, lavar, passar, limpar, preparar o lanche, almoço e jantar, levar e buscar na escola, na natação, no karate, na festinha dos amigos. Ah, as intermináveis discussões com os adolescentes, repetindo as mesmas coisas de novo e de novo. Sangue do seu sangue - a continuidade da espécie com os seus próprios genes. Enfim, temos a responsabilidade de providenciar netos para os nossos pais.
Ser consciente com o meio ambiente, separar o lixo, pegar o transporte publico para não poluir o planeta, combater os transgênicos, salvar a mata atlântica e fazer a decoração de Natal. Tudo está na nossa lista de afazeres.
Mas como lidamos com os nossos sentimentos? Com a compreensão de que ser perfeita é impossível? O que a sociedade contemporânea nos exige como modelo de mulher é completamente inatingível. Tão irreal como os corpos que nos mostram nas revistas - imagens que não existem, completamente transformadas num programa de computador. Tentar viver de acordo com a receita que a mídia nos passa é um caminho direto para o desastre, para a depressão e o sentimento de inferioridade.
Ficamos convencidas de que somos fracassadas inúteis, por nao sermos capazes da perfeição.
No fim do dia, a nossa única e fundamental responsabilidade é de encontrar caminhos para sermos felizes. Quando estamos bem, equilibradas e felizes nos transformamos em seres humanos mais evoluídos. Somos melhores mães, companheiras e profissionais. E sobre as unhas, que tal se preocupar menos com os detalhes?
terça-feira, novembro 16, 2010
de Montréal
Pois então, de volta ao blog.
Escrevendo agora direto de Montréal, Québec. Faz mais ou menos um mês que mudei de Gatineau, no meio do outono e todas as folhas caindo. Quase todas.
No meio de caixas e reorganização de vida na nova cidade, percebo uma cidade muito mais a minha cara do que Gatineau, mas ao mesmo tempo, o peso da metrópole, em termos de concorrência.
Da o maior prazer de caminhar nas ruas e sentir cheiros de comidas diferentes, curry, grelhados, doces. Cheiro de padaria, sabe? Eu estava com saudade de cheiro de padaria. Ver diversidade e ter o agradável sentimento de estar so na multidão.
Ter transporte publico que funciona, é outra enorme vantagem de Montréal. Eu que sempre vivi em Porto Alegre, achava meio inconcebível que Gatineau/Ottawa, cidades coladas, totalizando mais de um milhão e quinhentos mil habitantes não tenham um sistema de transporte publico decente. Pois não tem. Depois de três ônibus diferentes e três horas e meia de viagem eu chegava no meu trabalho. De carro, por volta de 45 à 50 minutos. Domingo esquece de sair de casa de ônibus, pois onde eu morava não tinha.
Ao mesmo tempo, concentrações populacionais representam mais gente querendo o mesmo lugar para estacionar, mais candidatos para o mesmo emprego. O negócio de achar um lugar ao sol por aqui me parece bem mais complicado do que lá, por razoes obvias: tem mais gente na praia.
Mas a gente compensa com persistência e uma caminhada pra ir buscar sushi e berejas ali na esquina.
Escrevendo agora direto de Montréal, Québec. Faz mais ou menos um mês que mudei de Gatineau, no meio do outono e todas as folhas caindo. Quase todas.
No meio de caixas e reorganização de vida na nova cidade, percebo uma cidade muito mais a minha cara do que Gatineau, mas ao mesmo tempo, o peso da metrópole, em termos de concorrência.
Da o maior prazer de caminhar nas ruas e sentir cheiros de comidas diferentes, curry, grelhados, doces. Cheiro de padaria, sabe? Eu estava com saudade de cheiro de padaria. Ver diversidade e ter o agradável sentimento de estar so na multidão.
Ter transporte publico que funciona, é outra enorme vantagem de Montréal. Eu que sempre vivi em Porto Alegre, achava meio inconcebível que Gatineau/Ottawa, cidades coladas, totalizando mais de um milhão e quinhentos mil habitantes não tenham um sistema de transporte publico decente. Pois não tem. Depois de três ônibus diferentes e três horas e meia de viagem eu chegava no meu trabalho. De carro, por volta de 45 à 50 minutos. Domingo esquece de sair de casa de ônibus, pois onde eu morava não tinha.
Ao mesmo tempo, concentrações populacionais representam mais gente querendo o mesmo lugar para estacionar, mais candidatos para o mesmo emprego. O negócio de achar um lugar ao sol por aqui me parece bem mais complicado do que lá, por razoes obvias: tem mais gente na praia.
Mas a gente compensa com persistência e uma caminhada pra ir buscar sushi e berejas ali na esquina.
terça-feira, agosto 10, 2010
Mariposas e lâmpadas
Fico triste de saber que as mariposas, procurado as luzes da lua e das estrelas, terminam por queimar as asas nas minhas lâmpadas. Apago as luzes então.
terça-feira, fevereiro 02, 2010
Comentário sobre a exposição “Jardim de Sortilégios”, J.H. Waterhouse, no Museu de Belas Artes de Montreal
Neste último fim de semana de janeiro, fui a Montreal para ver finalmente ao vivo, uma seleção das obras de John William Waterhouse (1849-1917) em Montreal.
Minha fascinação pelo trabalho desse artista já tem mais de dez anos, mas jamais havia visto um original, apenas reproduções. Não poderia perder essa oportunidade por nada, e agora eram apenas duas horas e meia de estrada me separando de suas obras - puro deleite!
Meu interesse aconteceu ao contrário, foi através da literatura que cheguei ao trabalho dos pré-rafaelitas e de Waterhouse. Keats, Shelley e Shakespeare me transportaram a Rosseti, Millais e Hunt. Mas Waterhouse me parecia ter algo de diferente, tanto na escolha de seus temas quanto no resultado dos seus trabalhos. Peter Trippi, em sua biografia do artista, comenta que apesar de sua afiliação pré-rafaelita, ele aproximava sua técnica de pintura a dos impressionistas.
A atitude de poder de suas figuras femininas e a escolha de temas relacionados a mitologia e a magia me capturam. Sempre parece que há algo a mais a ser revelado, que podemos passar através do portal de suas imagens e descobrir o que se esconde por trás do espelho de Lady de Shallot.
Quando cheguei ao museu minha excitação foi abafada pela quantidade de visitantes naquele sábado. A exposição foi organizada de maneira cronológica. O espaço era todo em preto, com uma iluminação delicada, peculiar, intimista. Entre “Oráculo” e “O círculo mágico”, havia um sofá negro em forma de pentagrama. A atmosfera de encantamento foi muito bem elaborada. Mas era impossível caminhar, se aproximar ou tomar distância - complicado mesmo passar mais de alguns segundos na frente de cada quadro. As salas estavam completamente cheias. Comecei a sofrer imensamente achando que não iria poder apreciar a exposição! Claro que acho que a idéia de um museu cheio é maravilhosa: público interessado em arte e cultura representa uma sociedade em evolução. Ótimo. Mas precisavam todos vir ao mesmo tempo???? E falarem todos ao mesmo tempo????
Decidi ir passear pela coleção permanente e rever algumas das minhas obras preferidas neste museu. Perambulando pela arte da Europa ocidental, dos séculos 14 ao 18, passei algumas boas horas de prazer visual. Meia hora antes do museu fechar, voltei a Waterhouse.
Acho que de uma certa maneira devo ter merecido este momento. As cinco salas estavam praticamente vazias. Pude realmente sentir a atmosfera criada para esta exposição, as paredes escuras, as luzes suaves revelando aos poucos as pinceladas do artista. Pude enfim ouvir meus pensamentos instigados pelas imagens e examinar a técnica de pintura.
Ver; de perto e de longe.
Alguns minutos antes de fechar, na última sala, olhei ao meu redor e muito mais do que simples quadros, eram as presenças daquelas figuras na minha volta que se faziam sentir. Circe, Ariadne, Miranda e Psyche por um momento no tempo me fizeram companhia. Verdadeiro sortilégio materializado em imagem.
sábado, janeiro 16, 2010
Lagarto de Zimbros
terça-feira, janeiro 12, 2010
Beatles vendendo Wii
Nao aguento mais ouvir as musicas dos Beatles vendendo toda sorte de produtos ignobeis, como se fossem jingles comerciais. Sapatos, celulares, seguros para automoveis, calcinhas... Parece nao ter limite a falta de imaginacao dos publicitarios. A ultima que esta no ar vende aulas de ginastica no Wii, e uma loirosa vestindo pink nos sorri ao som de Revolution. Revolution? para nos vender uma bunda mais durinha???? Francamente!
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