segunda-feira, dezembro 03, 2007

The Snow Queen



Conhecem a historia de Andersen, A Rainha da Neve? Pois é, ela chegou com tudo por aqui, espalhando seu manto branco pela cidade e gelando a cara da gente. Hoje nevou sem parar desde a madrugada, as escolas por aqui fecharam e so saiu de casa quem realmente precisou.


Tivemos que dar um pulo no supermercado e no patio aqui atras a neve estava quase nos meus joelhos. Para voces terem uma ideia, abaixo estao as fots que tirei em julho e de hoje, a vista da minha janela da frente e dos fundos.Nem parece o mesmo lugar!

terça-feira, novembro 13, 2007

Os dias que diminuem











Incrível...Comecei a perceber uma coisa estranha nos últimos dias, meu relógio biológico meio as inversas, sono cedo, insônia no meio da noite. Claro que sei que isso é devido aos dias que estão mais curtos, e a noite que chega mais cedo.
Bem, passeando pelo site meteomedia.com, ansiosa pra ver se vai rolar uma neve logo, descobri que nesse momento temos um dia de 9h:38m. Isso mesmo. Amanhece as 6h56m e anoitece às 16h:35m. As quatro da tarde o dia esta com cara de sete e meia!
Daqui até o solstício de inverno (21 de dezembro) os dias ficam cada vez menores, a luz diminui e as horas noturnas se estendem. Excelente para poetas, artistas obscuros, escritores noctívagos e toda a troupe que gosta de atividades sem a luz do sol.

Bem, para mim é uma desculpa pra começar o Happy Hour as três da tarde!
Taberneiro – traga as cervejas porque a noite vai ser longa!






quinta-feira, novembro 08, 2007

Palavras em Francês que soam engraçado em português...

1) CHOUCHOUTE – significa preferido, queridinho...Mas quase cai pra trás a primeira vez que ouvi! Fala em voz alta e rapidinho pra ti ver :)

2) COU – todo mundo sabe que quer dizer pescoço, mas ainda soa muito engraçado no meio de uma conversa...

3) GOUGOUNE – nome estranho para as nossa velhas conhecidas Havaianas (e sandálias do tipo) que por sinal geram reações de amor e ódio por aqui.Muita gente faz careta quando te vê de gougoune pois dizem ser terrível mesmo a idéia de ter uma tira entre os dedos do pé. Outros, como já vi em Hull, fazendo uma temperatura por volta de 8º C, a criatura de casacão e havaianas...vai entender! Outro dia li num Blog de um Quebecois que ele não gosta de gougounes porque não poderia correr com elas em caso de tiroteio!
http://lvspc.blogspot.com/2006/06/gougounes-et-fusillades.html

4) TABERNEC, CALICE e HOSTIE – Tabernaculo, Cálice e Hóstia são para nos brasileiros apenas palavras pertencentes ao vocabulário religioso. Pois por aqui além disso, são palavrões! Grandes xingamentos! Equivalentes no português a um bom PQP. Não devem ser pronunciadas em conversas polidas. As senhoras por aqui até desenvolveram uma tática, dizem TABERNUSH pra poder xingar mais bonitinho.

5) JE ME FAIT VOLÉE – significa – EU ME FIZ ROUBAR. Porque ? Eu não fiz nada ? Eu sou a vitima e não a responsável ! Mas aqui eles constroem a frase assim – Ele se fez matar – SE FEZ MATAR? Mas daí vira suicídio.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Outubros

E o outono chegou..
O meu primeiro verão em terras canadenses acabou. Nesses meses de dias longos e sol à vontade nos mudamos, enfrentamos barras de família, chorei de saudades de casa, encontramos novos amigos, viajamos para o Norte e conheci a Gaspésie e muitas cidadezinhas quebequenses, fomos fazer um piquenique e atraímos ursos, saímos de havaianas pelas ruas como se estivéssemos no Brasil.
Mas de um dia para o outro o vento mudou, as folhas ficaram vermelhas nas arvores e começaram a cair e hoje à noite esta fazendo 1Cº. Estou me preparando para o meu primeiro Halloween ao norte do Equador.
Por aqui parece que as pessoas adoram decorar as casa, Natal é um luxo e um lixo – eu que não sou chegada em Natal acho um exagero e tudo muito kitch! Entretanto, as decorações de Halloween são mais criativas e mais divertidas, hoje passei por uma casa cheia de abóboras e caveiras, na outra mais adiante bruxas e espantalhos.
Mas, sempre volto aqui pra falar sobre os meus feelings de imigrante, longe de casa faz bem mais de uma semana...Bem, no dia 11 de outubro fazem seis meses que enviei meu pedido de imigração ao Governo do Canadá, e ainda não recebi meu documento de residente permanente, o que me permitira virar gente por aqui, ou seja: poder trabalhar, estudar, dirigir e sair do pais, entre outras coisas. Já recebi uma carta dizendo que fui aceita no Quebec, o que é quase todo o caminho andado e agora espero ansiosamente pelo OK do Federal.
Tenho consciência que estou aqui em uma situação privilegiada, com todas as condições, mas descobri que quando se deixa o seu País, famílias e amigos para trás, se perde uma parte da nossa identidade. No Brasil, eu tinha um feedback das pessoas que me conheciam, amigos, trabalhos , faculdade.Essas pessoas te vêem pelos teus valores, pela historia que tu construiu. No Brasil eu era a estudante de Artes, tradutora, garota pós-moderna cabeçuda que mora sozinha, descolada, que gosta de papos psicodélicos e intelectualoides, que gosta de ouvir Jazz e de ler livros, que gosta de encontrar os seus amigos e tomar cerveja gelada mesmo na segunda de noite.
Aqui eu sou “A” brasileira, mulher de um quebequense. Só. “A” brasileira porque na cidade onde moro sou a única.e a condição civil vem depois e acaba por ai. Aqui ninguém me conhece, não sabem quem eu sou, não sabem dos meus talentos e defeitos, perdi uma parte importante da minha identidade que é o meu reflexo nos olhos dos outros. A maneira como o mundo me percebia no Brasil era muito mais rica, e aqui se resume a minha nacionalidade. Outro dia um amigo do meu marido me dizia – Tu tem um temperamento forte, é porque tu é brasileira! NÃO!!!!! Eu tenho temperamento forte porque sou eu! Ou será que os cento e noventa milhões que nasceram no território do Brasil são iguais porque são brasileiros? Não, a gente sabe que não.
Imigrar é um grande desafio, muito maior do que a gente pode imaginar quando esta ai no Brasil sonhando com flocos de neve. Incontáveis são os momentos quando tudo que se quer é encontrar gente que te conhece, ver os lugares que a gente conhece, enfim se sentir de novo em casa. Mas, só tem um caminho, que é ir pra frente e construir minha identidade de novo por aqui, com muito trabalho e paciência, e morrendo de saudade de todos que ficaram a 30º Sul, em Porto Alegre.
Ai vão umas fotos das arvores outonais pra vocês






quinta-feira, agosto 23, 2007

As gaivotas e o MacDonalds

Existem muitas coisas por aqui que me surpreendem, relativas à maneira de viver do Canadense – obviamente diferente dos brasileiros.
Mas não são apenas os hábitos das pessoas, mas também dos animais!
Moradora de Porto Alegre, tenho na memória os meus encontros litorâneos com as gaivotas, especialmente em Santa Catarina (Ahhhhh Santa e Bela Catarina...)
Bem, as gaivotas, no meu imaginário estiveram sempre ligadas com praia, mar, ondas areia, peixinhos na orla, essas paisagens marítimas.
Mas no Canadá é diferente!
As gaivotas aqui estão associadas com um ícone do consumismo norte-americano...O Mac Donalds! As gaivotas estão por tudo, NA CIDADE, mas especialmente onde tem um restaurante de Fast-food, tem gaivota aos montes sobrevoando o local pra ver se consegue uma bicada de hambúrguer, ou se descola umas fritas. E pensa que a neve atrapalha? Que nada, verão ou inverno elas estão lá, na vigília pra conseguir um rango gordurento – e não precisa ter duvidas, são todas bem gordinhas. Todas viciadas em fast-food.
Acho que acabou o meu romantismo beira-mar com as gaivotas, agora cada vez que vejo uma penso naquele palhaço ridículo...

segunda-feira, julho 16, 2007

Para Mulher Rendeira

So quem esta longe sabe como é dificil ficar sem as pessoas que a gente gosta.
Essa é pra ti Mulher Rendeira, grande amiga, irma do coraçao.


Nei Lisboa - Por Aí

Lembra do quanto amanhecemos
Com a luz acesa
Nos papos mais estranhos
Sonhando de verdade
Salvar a humanidade
Ao redor da mesa
Sábias teses e ilusões sem fim
Ying, Jung, I Ching e outras cabalas
Procurando deus entre as folhagens do jardim
Que tolos fomos nós, que bom que foi assim
Que achamos um lugar pra ter razão
Distantes de quem pensa que o melhor da vida
É uma estrada estreita e feita de cobiça
Que nunca vai passar por aqui
Lembra de longas primaveras
De andar pela cidade
Saudando novas eras
Sonhando com certeza
Salvar a natureza
Ao final da tarde
Cegas crenças, lixo oriental
Ying, Jung, I Ching e outras balelas
Procurando deus entre as macegas do quintal
Seremos sempre assim, sempre que precisar
Seremos sempre quem teve coragem
De errar pelo caminho e de encontrar saída
No céu do labirinto que é pensar a vida
E que sempre vai passar por aí
Auras, carmas, drogas siderais
Ying, Jung, I Ching e outras viagens
Procurando deus entre delírios dos mortais
Seremos sempre assim, sempre que precisar
Seremos sempre quem teve coragem
De errar pelo caminho e de encontrar saída
No céu do labirinto que é pensar a vida
E que sempre vai passar
Sempre vai passar por aí

terça-feira, junho 05, 2007


Le Printemps

Apos um longo e branco inverno, tudo que se quer é calor e verde. E assim como os dias aumentam rapidamente de tamanho, as plantas transforman-se de galhos secos e retorcidos em exuberantes seres verdes que enchem os olhos. Nunca senti tanta falta de ver a natureza verde como este ano, mal podia esperar que as arvores brotassem. E junto com as folhas vem os passaros, lebres, castores e guaxinins que se revelam ao olhar mais atento.

sexta-feira, junho 01, 2007

Reciclantes e Reciclados

Morei em Porto Alegre quase toda a minha vida, tirando alguns meses de nomadismo aqui e ali, passando por uma crise bicho grilo de um verão estendido em Garopaba, e um tempo perdida na África, na Republica dos Camarões.
Sempre fui uma reciclante das mais ferrenhas, daquelas que guarda qualquer papelzinho de chiclete na bolsa pra colocar no lixo seco quando chegar em casa. E sempre soube que Porto Alegre tem um bom sistema de reciclagem, se a gente tirar fora o desprezo do governo pela coleta feita em carroças – verdadeira tortura aos cavalos e a qualquer um que tem consciência.
Entretanto, pensava que por aqui no norte das Américas, aquela conversa toda de que Canadá tem o melhor nível de vida mundo, bla,bla,bla, que a reciclagem de lixo por aqui seria mais do que perfeita. Ledo engano, meus caríssimos e seletos leitores!
A coleta seletiva aqui É UM LIXO!
O governo faz uma coleta de lixo seco uma vez a cada quinze dias. O morador deve dispor seu lixo previamente separado em metais e vidros, plásticos e papel (se você não fizer isso leva uma multa) e o tipo de material aceito é bastante restrito, apenas uma pequena porcentagem de papel e plástico pode ser colocado para reciclar. Resultado: grande quantidade de material que poderia ser reciclado vai pro lixão.
Outra coisa, reciclar aqui custa caro, porque a hora de trabalho aqui, mesmo de mão de obra desqualificada, é cara. Então vale mais a pena jogar no lixão e produzir tudo de novo que reciclar.
Junte-se a isso que o Canadense na sua maioria prefere ficar na frente da TV a cabo enchendo a cara de batata-frita do que ficar separando lixo (pensava que por aqui todo mundo é culto??? Hehehehehe....forget about it...)
Agora considere o nível de consumo dessa gente! Algo que ao sul do Equador nunca se viu. Ai no Brasil a gente manda consertar a TV quando ela apresenta um defeitinho, aqui ela vai pro lixo. E assim com os eletrodomésticos, com os moveis da cozinha que ainda estão bons, mas ficaram fora de moda, com o computador do ano passado, com a imensa quantidade de comida que se compra apenas para se jogar fora. Imaginem a quantidade de dejetos gerada em um ano...

Pelo menos a população aqui é de trinta milhões. Já imaginou cento e oitenta milhões consumindo desse jeito? Isso que nem mencionei o fato de que aqui o transporte publico simplesmente é um caos, tudo é longe e cada cabeça (incluindo os adolescentes a partir de 16 anos) tem um carro.
É meu amigo, é muita gasolina nesse grande tanque!!!! E ainda por cima custa a metade do que custa no Brasil.
Com certeza existem iniciativas de consumo consciente, vejo muita gente no supermercado com sacolas não-descartáveis, é grande o movimento pela compra local – estimulando os produtores rurais da região e evitando o custo e a poluição do transporte.
Mas da próxima vez que você pensar que o Brasil é uma merda e a América do Norte é perfeita, pense de novo. A gente sempre tem a tendência de achar que a grama do vizinho é mais verde do que a nossa, mas temos de reconhecer as coisas que funcionam no Brasil. É claro que tanto por ai como por aqui existe muito a melhorar, mas os gringos não estão com essa bola toda.

terça-feira, março 27, 2007

Imigração e baratos afins...

Imigrar não é tão divertido quanto alguns possam imaginar. É claro que existem certas compensações de sair de um país como o Brasil e vir morar no Canadá – mais segurança, melhor nível de vida, melhores salários, vinho bom todo dia, os carros param pra você atravessar, yada,yada,yada...Obviamente que se não existissem tais compensações ninguém seria idiota o suficiente de deixar pra trás família, amigos, cultura, o boteco do bairro e os gatos de estimação pra se tocar pro outro lado do oceano – a não ser que você seja um foragido da policia, o que não é o meu caso. Mas o tal processo que é o aborrecimento. O Canadá quer ter certeza que você é artigo de primeira linha e que vai ter vantagens de te aceitar, e você tem fazer o diabo pra provar isso. Como casei por aqui, é pior ainda - provar que o casório é de verdade e não comprado por uma família de esfomeados que vendeu a filha que vai buscá-los depois pra viver de pensão do governo pro resto da vida. É uma catramina absurda de documentos exigidos pelo governo, fotos pra provar que já se conheciam, tudo que é tipo de certidão que você possui e mais umas que você não tem e tem que ir atrás. É claro que tem ficar enchendo o saco da família no Brasil pra ficar correndo atrás de documentos pra você. Ai, vai preencher os formulários exigidos, E SÃO MUITOS! Com números e letras, IMM0017...dai depois que você pensa que preencheu tudo lê nas letras miúdas que ainda tem o anexo do IMM0008... Pensa que vai fazer tudo em uma semana? Impossível! É de acabar com a paciência de qualquer mortal. É como uma gincana, uma prova de obstáculos, eles querem testar o teu fôlego até o final, e pra fazer tudo isso, você tem querer MUITO ficar por aqui. Na metade do caminho dá vontade de fazer a mala e mandar tudo pra PQP. Bem, daí você abre uma garrafa de vinho dos bons (isso serve pra acalmar e lembrar que no Brasil você só bebia vinho pintalíngua em embalagem tetrapack de Bento Gonçalves...), recupera-se o fôlego e a motivação etílica e volta-se a papelada... Então você descobre que além de fazer uma devassa completa na sua vida, eles ainda querem um exame da saúde completo, com direito raio X, exame de sangue e de urina!!!!!!!!!!!!!! Quando descobri isso me senti bem esquisita, é como se tivesse que expôr minha privacidade biológica e celular pra esses caras! Que direito tem o governo do Canadá de contar as minhas Hemáceas? Bem, se quero viver por aqui, pelo jeito tenho que dizer direitinho tudo sobre as minhas Hemáceas, glóbulos brancos, vermelhos, plaquetas e tudo mais...Agora, só falta no fim de tudo isso eles me pedirem uma foto de bikini! Mando essa pra eles:



sexta-feira, março 23, 2007

pequena homenagem à Charlotte

Hoje eu disse adeus a uma amiga. Charlotte estava doente, com um tumor na perna e uma artrite crônica que praticamente a impedia de andar. Ela foi dormir e com certeza acordou no céu.
Charlotte tinha uma infinita capacidade de amar.Um amor grandioso, sem julgamentos, sem esperar nada em troca. Quando a conheci, há mais ou menos três anos atrás, fui contagiada pela sua enorme alegria de viver. E ela jamais se interessou pela minha aparência, pela minha condição social ou pelo que eu poderia lhe proporcionar. Charlotte só queria minha companhia e o meu amor. E foi assim que a nossa amizade continuou cada vez mais forte. Às vezes caminhávamos em silêncio, podíamos nos entender muito bem sem dizer nada, apenas com um olhar. São estes momentos felizes que ficam na minha memória, e aqui faço uma pequena homenagem póstuma a essa grande amiga. Quem nunca teve um animal de estimação, não sabe o que é o verdadeiro amor.Os humanos, na sua maioria, são dissimulados e interesseiros enquanto os animais são completamente puros e autênticos em seus sentimentos. Charlotte foi um exemplo de comportamento para qualquer humano: gentil, verdadeira e amorosa. Ai, se todos fossem iguais a você...

Charlotte e eu


terça-feira, março 20, 2007

Ron Mueck - impressoes

Estive na semana passada em Ottawa, na National Gallery, ou seja o Museu Nacional do Canadá. Fui porque queria ver a exposição de RON MUECK, artista australiano que trabalha na Inglaterra. Eu já tinha visto o trabalho do cara em imagens no computador. Simplesmente imprescindível ver o trabalho dele ao vivo. Passei duas horas a olhar algumas esculturas. Bem escultura é a denominação, mas na verdade é muito mais que isso.
Quando a gente se depara com os seres que ele cria, é impossível não pensar em questões da humanidade. Fragilidade, medo, duvida, prazer, desconfiança, carinho... sentimentos que fazem parte de todos nós. James Elkins, no livro “O objeto olha de volta” fala que somos atraídos por formas humanas e que procuramos rostos e corpos em tudo, na lua, no queijo, na mancha de tinta. Mas Ron Mueck vai muito mais além.Ela fala da condição humana. Suas figuras nuas, despidas, realmente nos olham de volta.São pessoas, em escalas diferentes da nossa, mas isso não importa. Elas nos tocam porque são extremamente humanas, mesmo em de fibra de vidro, tinta e silicone- o que a gente esquece completamente ao observa-las. É como se estivéssemos ali, expostos e nus como elas. São um verdadeiro questionamento da condição humana. Será que Ron pensou nisso? Não sei, e também não importa. Não importa o que ele pensou quando da sua criação,o que realmente importa é o que cada um de nós sente quando se depara com suas figuras, com pelos, cabelos, cílios e tão reais que parecem quem vão se mover no próximo momento.O que é gente para você? O que são os outros? Como lidar com o outro? A profundidade do trabalho de Ron Mueck entra fundo na carne da gente.


* as imagens abaixo foram gentilmente cedidas pelo Google, obviamnete sem consulta prévia.

Ron Mueck imagens III


Rom Mueck imagens II


Ron Mueck -imagens I


Mother and Child, 2001

quarta-feira, março 14, 2007

Polvilho Doce em Ottawa

Bem, já fazem quase três meses que estou por aqui e os sentimentos se misturam. Às vezes parece muito mais tempo, às vezes parece que os dias passam incrivelmente rápido e que nunca dá tempo de fazer tudo que tenho que fazer.
Claro que eu tinha milhares de coisas para trazer e não pude colocar na mala a minha erva de chimarrão....
Bem, começou a bater o desespero...os dias se passavam e a minha cuia ali vazia me olhando, aquela bomba desesperançosa - nunca mais tinha visto uma térmica por perto...Enfim, o meu kit gaudério tava virando peça de decoração.
Daí, um anjinho de Porto Alegre que mora por aqui, a Patrícia (valeu Patrícia-grande presença!) me deu uma dica que na Montreal Road, existia um tal mercado Latino, onde vendiam erva de chimarrão.
Bem, no sábado de tarde saímos, eu e o maridão atrás do tal mercado. Quando entramos no carro, ele me perguntou onde ficava e eu respondi – Na Montreal Road! Ele então me diz que a tal avenida é enorme, praticamente atravessa Ottawa...
Bem, saímos os dois doidos a tentar ler tudo que é placa sem achar o tal lugar . Acabamos saindo da cidade, ficamos só nós e os corvos...Voltamos.Paramos em um mercadinho africano, onde vendiam xuxu! Sim, eu nunca tinha visto isso aqui, que no sul é como praga pelos muros. Claro que comprei! Além do mais a Dona nos indicou onde ficava o mercado, logo antes da Ponte.
Bem, eu pensando que era um baita lugar, é igual aquelas vendinhas de bairro! Mas encontrei a tão procurada erva de chimarrão ( é uruguaia, mas não dá nada) e mais! Guaraná, goiabada, suco de caju e até mesmo –PASMEM- polvilho doce pra fazer pão de queijo!!!!Quase tive um troço. Apesar de não ser mineira sou fanática por pão de queijo, fiquei tão feliz que comecei a falar com a vendedora, dizer que era do Brasil...em inglês...só um sorriso e sem resposta... tentei em francês, continuei sem resposta...eu devia ter tentado em espanhol, mas a essa altura eu queria mesmo era tomar meu suco de caju, hehehe!
Bem, nesse precioso momento em que vos escrevo, estou apreciando meu chimarrão acompanhado de maravilhosos e quentinhos paes de queijo.ETA TREM BAO, quero dizer, MAS BAH TCHÊ! Loca de contente!

escultura de gelo


terça-feira, fevereiro 27, 2007

Leão do Norte

Depois de sempre me identifiquei muito mais como gaúcha do que como realmente Brasileira. A cultura do Sul é tão forte, e a minha falta de contato com a cultura do Norte e Nordeste tão grande ( fora alguns pedaços de musica e literatura aqui e ali), que o tamanho continental do Brasil se faz imperativo e a gente acaba ficando bairrista.
Mas a perspectiva de coisas muda muito quando trocamos de país, e de repente um sentimento de “brasilidade” se faz mais presente do que nunca...Já me aconteceu antes, passei seis meses longe da nossa terra tupiniquim - e tinha desejos de pão de queijo, pastel, farofa – sem falar na música brasileira, que começa a invadir a vida da gente “como uma onda”.
Bem, ontem eu estava pintando as paredes da minha nova casa, no meu “novo” pais e ouvindo Lenine...Meu marido ocupado destruindo o que restava do antigo teto da sala, e perguntei se ele gostava da música, ele respondeu que sim, gostava da batida. Mas, todas as referências que ele faz – Mestre Vitalino, ciranda, frevo, João Cabral, mamulengo, maracatu, Ariano Suassuna, sem falar em Nova Jerusalém! Todas essas referências em comum - minhas, do Lenine e de qualquer Brasileiro do Oiapoque ao Chuí, mas que levariam dias pra explicar ao meu maridão Quebequense, me fazem muito mais brasileira do que gaúcha. Acho que finalmente entendi.
...e aqui vai a letra pra vocês...


Leão do norte
(Lenine e Paulo César Pinheiro)
Sou o coração do folclore nordestino
Eu sou Mateus e Bastião do Boi Bumbá
Sou o boneco do Mestre Vitalino
Dançando uma ciranda em Itamaracá
Eu sou um verso de Carlos Pena Filho
Num frevo de Capiba
Ao som da orquestra armorial
Sou Capibaribe
Num livro de João Cabral
Sou mamulengo de São Bento do UnaVindo no baque solto de Maracatu
Eu sou um alto de Ariano Suassuna
No meio da Feira de Caruaru
Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta
Levando a flor da lira
Pra nova Jerusalém
Sou Luis Gonzaga
E eu sou mangue também

Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte

Sou Macambira de Joaquim Cardos
Banda de Pifo no meio do Carnaval
Na noite dos tambores silenciosos
Sou a calunga revelando o Carnaval
Sou a folia que desce lá de Olinda
O homem da meia-noite puxando esse cordão
Sou jangadeiro na festa de Jaboatão

Eu sou mameluco...

sábado, fevereiro 24, 2007

Errata

Mil perdoes a amiga Daviana que é PERNAMBUCANA com muito orgulho, sim senhor! Além disso , ela me explicou que quem mandou a o texto abaixo foi o nosso amigo André!

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

O frio é Relativo

Beijos pra Cearense Daviana (saudades doceee) que me enviou essa. Nao sei o autor, mas achei muito boa!!!! Como gaucha, concordo totalmente!

VARIAÇÃO CLIMÁTICA NO BRASIL

35ºC

Mato-grossenses vão ao trabalho de terno sem suar.
Cariocas vão a praia e surfam normalmente.
Mineiros usam roupas leves e comem um queijo minas.
A Gauchada não ousa entrar em nenhum ambiente sem ar condicionado

25ºC
Mato-grossenses desligam o ar condicionado Cariocas vão à praia mas não "ousam" molhar os pés Mineiros comem um feijão tropeiro e tomam garapa.

A Gauchada limpa o jardim sem camisa

20ºC
Mato-grossenses ligam o ar quente do carro e tremem incontrolavelmente de frio.

Cariocas vestem um moletom e vão pro calçadão.
Mineiros bebem pinga perto do fogão a lenha.
A Gauchada branquérrima toma sol de bermuda e sem camiseta, na praça

15ºC
Os carros dos mato-grossenses não ligam mais por causa do frio.

Cariocas se reúnem para comer fondue de queijo e beber vinho gaúcho.
Mineiros continuam bebendo pinga mais perto do fogão a lenha.
A Gauchada dirige com os vidros abaixados para curtir a brisa do veranico.

10ºC
Decretado estado de calamidade pública em Mato Grosso, dezenas morrem de frio.

Cariocas usam sobretudo, cuecas de lã, luvas e toucas e não saem mais de casa.
Mineiros continuam bebendo pinga e colocam mais lenha no fogão pro pão de queijo.
A Gauchada bota uma camisa xadrez de manga comprida, tecido leve que é pra não suar

5ºC
Mato Grosso entra num clima de armagedon, sente-se como frango congelado no freezer.

César Maia lança a candidatura do Rio para as olimpíadas de inverno e pensa em construir pista de esqui.
Mineiros continuam bebendo pinga e quentão, sentados em cima do fogão a lenha.
A Gauchada põe "a japona" e fecha as janelas de casa.

0ºC
Começa uma nova era Glacial em Mato Grosso.

No Rio, César Maia veste 4 casacos e 2 milhões de cariocas se reúnem em Copacabana no "Ice in Rio".
Mineiros entram em coma alcoólico e fedem a bife queimado em cima do fogão à lenha.
A Gauchada faz o último churrasco no meio do mato, antes que comece a esfriar, a preocupação é de não "pegar aragem"

-5ºC
Mato-grossenses, Mineiros e Cariocas viram comida congelada.

A Gauchada começa a dizer: "Bahh tchê, que ventinho enjoado... o minuano tá cortando!!! Já tô cos beiço cortado!!! Se gear no barro vai chover feio amanhã!!! Mas esse friozinho tá bom mesmo pra ficar debaixo dos cobertor!!!

-273,15ºC (zero absoluto)
Cessa todo o movimento molecular
O inferno congela.
A Gauchada começa a dizer "Mas baaahh o inverno chegou forte tchê. Vamos se 'agasalhar' que tá de renguear cusco!!! Mulhé, cadê meus cuecão??"

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

A vida numa gelada - parte III

Outro dia, assistindo TV, vejo mais um desses anuncios de creme - umectante! Vai deixar a sua pele macia e hidratada...todo aquele bla bla bla de sempre. O diferente é o que o nome do tal do creme era SARNA !!!!!! Passe SARNA na sua pele e ela ficara linda! Da pra acreditar num troço desses?

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Vida numa gelada - parte II


Deu zebra pro Alce...

A vida numa gelada - parte I

Passadas as devidas comemorações do casório, a vida retorna gradativamente ao normal. Bem, normal, mas nem tanto! Considerando a mudança do paralelo sul 30º para o paralelo norte 45º, o que era comum deixa de ser. Nada de caminhadas noturnas até o boteco do bairro, nada de comprar pão fresquinho na padaria de camiseta e tênis... A temperatura abaixo dos -20Cº da ultima semana e as distancias entre os lugares simplesmente não permitem.
Claro que o mais difícil é estar longe da família e dos amigos, sem sombra de dúvida – mas evidentemente já existia uma preparação psicológica para esta distância, que vinha sendo planejada nos últimos dois anos. Aquelas coisas para as quais a gente não se preparou é que são as difíceis. Por exemplo – outro dia, ouvi de um novo ‘’parente próximo’’ um comentário sobre a cor da minha pele, como sendo ‘chocolate’...Ora, no Brasil, como descendente de terceira geração de uma família italiana, sempre fui considerada branca, o tal caucasiano que aparece nos documentos. Mas aqui, mais importante que a minha real cor da pele, é o meu pais de origem, sou brasileira, então logicamente não posso ser branca! Mesmo que a minha pele diga o contrario...
É meus amiguinhos...rapadura é doce mas não é mole não!!!!!A grande maioria das pessoas aqui no Quebec pensa que no Brasil se fala espanhol, que somos todos afro-descendentes e que todos vivemos em uma imensa favela. Para eles o Brasil inteiro é uma grande Rocinha. E obviamente todos queremos dar o fora de um lugar tão horrível. O interessante é que eu falo as duas línguas deles, mas eles não falam a minha, tenho mais anos de estudo que a maioria deles e sei que o mundo não se restringe a América do Norte. Tenho consciência que o Brasil tem grandes problemas, mas continuo achando um lugar maravilhoso pra se viver, especialmente por causa dos brasileiros, que são muito mais gentis e divertidos que os Canadenses. Com certeza tenho conhecido pessoas muito legais por aqui, e qualquer generalização é um argumento burro - existem pessoas legais e pessoas xaropes em qualquer lugar, em qualquer pais. Mas não concordo com o divulgado nos jornais nas ultimas semanas por aqui, que dizem que o quebequense, na grande maioria, não é racista. Ainda tenho minhas duvidas...

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Sim, a garota pós-moderna também casa

Sim, meus queridos amigos, tive de me render aos encantos de um certo canadense.
Os amigos dele, o esporte na tv e tudo mais a gente sobrevive,
mas, já dizia o nosso musical e etílico Tom
"Fundamental é mesmo o amor,
é impossível ser feliz sozinho"

e lá vou eu, totalmente embriagada de amor
viver o meu destino.

a propósito,
o casório será dia 27 de janeiro de 2007,
ás 18:30
em Val-des-Monts, Quebec.

Bonsoir, mes amis!

quarta-feira, janeiro 17, 2007

o casamento e a pós modernidade

A Garota pós-Moderna casa?
Somos auto-suficientes a ponto de não precisarmos de ninguém?
Ou será que somos tão auto-suficientes que precisamos de alguém que precise da gente?
Somos belas, inteligentes, produtivas, comemos aveia e frutas com yogurte natural desnatado, conseguimos andar de salto agulha e também fazer dinheiro.

Conseguimos nossos diplomas e títulos com um rímel impecável no olho, mas será que sobreviveremos às meias e cuecas sujas? Sobreviveremos às malditas tampas de patente que jamais serão encontradas do jeito que a gente deixou? Sobreviveremos aos amigos chatos dele? Aos intermináveis programas de esporte na TV???? Será???? Será????
A garota Pós-Moderna em momento Almodóvar, a beira de um ataque de nervos.
-Me prepara um gaspacho com vodka, si vous plait!

segunda-feira, janeiro 08, 2007

o teclado sem acentos

Bem, penso que pelo primeiro mês teremos de nos acostumar com esse teclado configurado para o francês e sem todos os acentos do português brasileiro. Digo nos, mas tenho em mente que é mais chato mesmo para mim, e considerando o numero infimo de leitores deste modesto Blog, penso que nao vai incomodar muita gente.
Enfim, peço que nao me exigam cedilhas, tils (qual é mesmo plural de til???) e perdoem a ventual falta de acentos agudos, assim que o meu computador chegar e eu estiver devidamente instalada, volto prestar todoa a devida atençcao as regras da gramatica brasiliana.
por enquanto o que eu quero, ou gostaria é de contar para voces, meus poucos mas qualificadissimos leitores, as noticias de alem mar.
Bem, ja estive por aqui, pelas terras da Molson (Canada - Quebec) algumas outras vezes, como quase todos sabem.

O que realmente me choca por aqui, o que penso que na verdade representa toda a diferenca do Brasil e do Canada, é que aqui as portas ficam abertas.

Sim, você sai para ficar horas na rua, e apenas bate a porta. Ta certo que estou em uma cidade pequena, nao estou em Montreal ou Toronto, mas mesmo assim Porra! Vai imaginar que lugar no Brasil tu vai sair por cinco ou seis horas e deixar a porta da tua casa aberta...NUNCA!!!! lugar nenhum!
Para mim chega a ser chocante, me da nervoso...

Uma pequena diferença, mas representa uma imensa diferença na vida social das pessoas. Significa que nao é necessario se preocupar em ser assaltada, roubada, ou ameaçada como ja fui com um 38 na cabeça por um punhado de notinha pequenas de dinheiro.

Sinceramente, acho que nos brasileiros merecemos mais, muito muito mais. O Governo nos sacaneia a cada minuto, primeiro arrancando nossos impostos e depois nos deixando sem a menor estrutura. E o pior é que a gente se acostuma, e so se da conta quanda sai do Brasil e percebe que a realidade pode e DEVE ser completamente diferente. Diferente para melhor.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

e as mudanças vieram...

Assim como é impossivel conter o vento balançando os cabelos da gente, tamnbém é impossivel conter as ondas de mudanças na nossa vida, elas começam molhando os pés da gente de mansinho e quando nos damos em conta instalam-se avassaladoras varrendo tudo que encontram pela frente...
Assim aconteceu.
Mas confesso que sou ums daquelas pessoas esquisitas que curtem quando o castelo de areia se desmancha na beira da praia so pelo prazer de começar outro.
E sabe do que mais? A gente nunca recomeça do zero. A gente sempre guarda o aprndizado do ultimo castelo de areia que a gente construiu.O que deu certo, o que nao deu certo. e o proximo é sempre mais forte e mais bonito.
E é assim que me sinto nos ultimos dias, apesar do desafio ser grande , eu me sinto mais forte e mais bonita.