terça-feira, fevereiro 27, 2007

Leão do Norte

Depois de sempre me identifiquei muito mais como gaúcha do que como realmente Brasileira. A cultura do Sul é tão forte, e a minha falta de contato com a cultura do Norte e Nordeste tão grande ( fora alguns pedaços de musica e literatura aqui e ali), que o tamanho continental do Brasil se faz imperativo e a gente acaba ficando bairrista.
Mas a perspectiva de coisas muda muito quando trocamos de país, e de repente um sentimento de “brasilidade” se faz mais presente do que nunca...Já me aconteceu antes, passei seis meses longe da nossa terra tupiniquim - e tinha desejos de pão de queijo, pastel, farofa – sem falar na música brasileira, que começa a invadir a vida da gente “como uma onda”.
Bem, ontem eu estava pintando as paredes da minha nova casa, no meu “novo” pais e ouvindo Lenine...Meu marido ocupado destruindo o que restava do antigo teto da sala, e perguntei se ele gostava da música, ele respondeu que sim, gostava da batida. Mas, todas as referências que ele faz – Mestre Vitalino, ciranda, frevo, João Cabral, mamulengo, maracatu, Ariano Suassuna, sem falar em Nova Jerusalém! Todas essas referências em comum - minhas, do Lenine e de qualquer Brasileiro do Oiapoque ao Chuí, mas que levariam dias pra explicar ao meu maridão Quebequense, me fazem muito mais brasileira do que gaúcha. Acho que finalmente entendi.
...e aqui vai a letra pra vocês...


Leão do norte
(Lenine e Paulo César Pinheiro)
Sou o coração do folclore nordestino
Eu sou Mateus e Bastião do Boi Bumbá
Sou o boneco do Mestre Vitalino
Dançando uma ciranda em Itamaracá
Eu sou um verso de Carlos Pena Filho
Num frevo de Capiba
Ao som da orquestra armorial
Sou Capibaribe
Num livro de João Cabral
Sou mamulengo de São Bento do UnaVindo no baque solto de Maracatu
Eu sou um alto de Ariano Suassuna
No meio da Feira de Caruaru
Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta
Levando a flor da lira
Pra nova Jerusalém
Sou Luis Gonzaga
E eu sou mangue também

Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte

Sou Macambira de Joaquim Cardos
Banda de Pifo no meio do Carnaval
Na noite dos tambores silenciosos
Sou a calunga revelando o Carnaval
Sou a folia que desce lá de Olinda
O homem da meia-noite puxando esse cordão
Sou jangadeiro na festa de Jaboatão

Eu sou mameluco...

sábado, fevereiro 24, 2007

Errata

Mil perdoes a amiga Daviana que é PERNAMBUCANA com muito orgulho, sim senhor! Além disso , ela me explicou que quem mandou a o texto abaixo foi o nosso amigo André!

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

O frio é Relativo

Beijos pra Cearense Daviana (saudades doceee) que me enviou essa. Nao sei o autor, mas achei muito boa!!!! Como gaucha, concordo totalmente!

VARIAÇÃO CLIMÁTICA NO BRASIL

35ºC

Mato-grossenses vão ao trabalho de terno sem suar.
Cariocas vão a praia e surfam normalmente.
Mineiros usam roupas leves e comem um queijo minas.
A Gauchada não ousa entrar em nenhum ambiente sem ar condicionado

25ºC
Mato-grossenses desligam o ar condicionado Cariocas vão à praia mas não "ousam" molhar os pés Mineiros comem um feijão tropeiro e tomam garapa.

A Gauchada limpa o jardim sem camisa

20ºC
Mato-grossenses ligam o ar quente do carro e tremem incontrolavelmente de frio.

Cariocas vestem um moletom e vão pro calçadão.
Mineiros bebem pinga perto do fogão a lenha.
A Gauchada branquérrima toma sol de bermuda e sem camiseta, na praça

15ºC
Os carros dos mato-grossenses não ligam mais por causa do frio.

Cariocas se reúnem para comer fondue de queijo e beber vinho gaúcho.
Mineiros continuam bebendo pinga mais perto do fogão a lenha.
A Gauchada dirige com os vidros abaixados para curtir a brisa do veranico.

10ºC
Decretado estado de calamidade pública em Mato Grosso, dezenas morrem de frio.

Cariocas usam sobretudo, cuecas de lã, luvas e toucas e não saem mais de casa.
Mineiros continuam bebendo pinga e colocam mais lenha no fogão pro pão de queijo.
A Gauchada bota uma camisa xadrez de manga comprida, tecido leve que é pra não suar

5ºC
Mato Grosso entra num clima de armagedon, sente-se como frango congelado no freezer.

César Maia lança a candidatura do Rio para as olimpíadas de inverno e pensa em construir pista de esqui.
Mineiros continuam bebendo pinga e quentão, sentados em cima do fogão a lenha.
A Gauchada põe "a japona" e fecha as janelas de casa.

0ºC
Começa uma nova era Glacial em Mato Grosso.

No Rio, César Maia veste 4 casacos e 2 milhões de cariocas se reúnem em Copacabana no "Ice in Rio".
Mineiros entram em coma alcoólico e fedem a bife queimado em cima do fogão à lenha.
A Gauchada faz o último churrasco no meio do mato, antes que comece a esfriar, a preocupação é de não "pegar aragem"

-5ºC
Mato-grossenses, Mineiros e Cariocas viram comida congelada.

A Gauchada começa a dizer: "Bahh tchê, que ventinho enjoado... o minuano tá cortando!!! Já tô cos beiço cortado!!! Se gear no barro vai chover feio amanhã!!! Mas esse friozinho tá bom mesmo pra ficar debaixo dos cobertor!!!

-273,15ºC (zero absoluto)
Cessa todo o movimento molecular
O inferno congela.
A Gauchada começa a dizer "Mas baaahh o inverno chegou forte tchê. Vamos se 'agasalhar' que tá de renguear cusco!!! Mulhé, cadê meus cuecão??"

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

A vida numa gelada - parte III

Outro dia, assistindo TV, vejo mais um desses anuncios de creme - umectante! Vai deixar a sua pele macia e hidratada...todo aquele bla bla bla de sempre. O diferente é o que o nome do tal do creme era SARNA !!!!!! Passe SARNA na sua pele e ela ficara linda! Da pra acreditar num troço desses?

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Vida numa gelada - parte II


Deu zebra pro Alce...

A vida numa gelada - parte I

Passadas as devidas comemorações do casório, a vida retorna gradativamente ao normal. Bem, normal, mas nem tanto! Considerando a mudança do paralelo sul 30º para o paralelo norte 45º, o que era comum deixa de ser. Nada de caminhadas noturnas até o boteco do bairro, nada de comprar pão fresquinho na padaria de camiseta e tênis... A temperatura abaixo dos -20Cº da ultima semana e as distancias entre os lugares simplesmente não permitem.
Claro que o mais difícil é estar longe da família e dos amigos, sem sombra de dúvida – mas evidentemente já existia uma preparação psicológica para esta distância, que vinha sendo planejada nos últimos dois anos. Aquelas coisas para as quais a gente não se preparou é que são as difíceis. Por exemplo – outro dia, ouvi de um novo ‘’parente próximo’’ um comentário sobre a cor da minha pele, como sendo ‘chocolate’...Ora, no Brasil, como descendente de terceira geração de uma família italiana, sempre fui considerada branca, o tal caucasiano que aparece nos documentos. Mas aqui, mais importante que a minha real cor da pele, é o meu pais de origem, sou brasileira, então logicamente não posso ser branca! Mesmo que a minha pele diga o contrario...
É meus amiguinhos...rapadura é doce mas não é mole não!!!!!A grande maioria das pessoas aqui no Quebec pensa que no Brasil se fala espanhol, que somos todos afro-descendentes e que todos vivemos em uma imensa favela. Para eles o Brasil inteiro é uma grande Rocinha. E obviamente todos queremos dar o fora de um lugar tão horrível. O interessante é que eu falo as duas línguas deles, mas eles não falam a minha, tenho mais anos de estudo que a maioria deles e sei que o mundo não se restringe a América do Norte. Tenho consciência que o Brasil tem grandes problemas, mas continuo achando um lugar maravilhoso pra se viver, especialmente por causa dos brasileiros, que são muito mais gentis e divertidos que os Canadenses. Com certeza tenho conhecido pessoas muito legais por aqui, e qualquer generalização é um argumento burro - existem pessoas legais e pessoas xaropes em qualquer lugar, em qualquer pais. Mas não concordo com o divulgado nos jornais nas ultimas semanas por aqui, que dizem que o quebequense, na grande maioria, não é racista. Ainda tenho minhas duvidas...