Passadas as devidas comemorações do casório, a vida retorna gradativamente ao normal. Bem, normal, mas nem tanto! Considerando a mudança do paralelo sul 30º para o paralelo norte 45º, o que era comum deixa de ser. Nada de caminhadas noturnas até o boteco do bairro, nada de comprar pão fresquinho na padaria de camiseta e tênis... A temperatura abaixo dos -20Cº da ultima semana e as distancias entre os lugares simplesmente não permitem.
Claro que o mais difícil é estar longe da família e dos amigos, sem sombra de dúvida – mas evidentemente já existia uma preparação psicológica para esta distância, que vinha sendo planejada nos últimos dois anos. Aquelas coisas para as quais a gente não se preparou é que são as difíceis. Por exemplo – outro dia, ouvi de um novo ‘’parente próximo’’ um comentário sobre a cor da minha pele, como sendo ‘chocolate’...Ora, no Brasil, como descendente de terceira geração de uma família italiana, sempre fui considerada branca, o tal caucasiano que aparece nos documentos. Mas aqui, mais importante que a minha real cor da pele, é o meu pais de origem, sou brasileira, então logicamente não posso ser branca! Mesmo que a minha pele diga o contrario...
É meus amiguinhos...rapadura é doce mas não é mole não!!!!!A grande maioria das pessoas aqui no Quebec pensa que no Brasil se fala espanhol, que somos todos afro-descendentes e que todos vivemos em uma imensa favela. Para eles o Brasil inteiro é uma grande Rocinha. E obviamente todos queremos dar o fora de um lugar tão horrível. O interessante é que eu falo as duas línguas deles, mas eles não falam a minha, tenho mais anos de estudo que a maioria deles e sei que o mundo não se restringe a América do Norte. Tenho consciência que o Brasil tem grandes problemas, mas continuo achando um lugar maravilhoso pra se viver, especialmente por causa dos brasileiros, que são muito mais gentis e divertidos que os Canadenses. Com certeza tenho conhecido pessoas muito legais por aqui, e qualquer generalização é um argumento burro - existem pessoas legais e pessoas xaropes em qualquer lugar, em qualquer pais. Mas não concordo com o divulgado nos jornais nas ultimas semanas por aqui, que dizem que o quebequense, na grande maioria, não é racista. Ainda tenho minhas duvidas...
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