terça-feira, fevereiro 02, 2010

Comentário sobre a exposição “Jardim de Sortilégios”, J.H. Waterhouse, no Museu de Belas Artes de Montreal



Neste último fim de semana de janeiro, fui a Montreal para ver finalmente ao vivo, uma seleção das obras de John William Waterhouse (1849-1917) em Montreal.
Minha fascinação pelo trabalho desse artista já tem mais de dez anos, mas jamais havia visto um original, apenas reproduções. Não poderia perder essa oportunidade por nada, e agora eram apenas duas horas e meia de estrada me separando de suas obras - puro deleite!
Meu interesse aconteceu ao contrário, foi através da literatura que cheguei ao trabalho dos pré-rafaelitas e de Waterhouse. Keats, Shelley e Shakespeare me transportaram a Rosseti, Millais e Hunt. Mas Waterhouse me parecia ter algo de diferente, tanto na escolha de seus temas quanto no resultado dos seus trabalhos. Peter Trippi, em sua biografia do artista, comenta que apesar de sua afiliação pré-rafaelita, ele aproximava sua técnica de pintura a dos impressionistas.

A atitude de poder de suas figuras femininas e a escolha de temas relacionados a mitologia e a magia me capturam. Sempre parece que há algo a mais a ser revelado, que podemos passar através do portal de suas imagens e descobrir o que se esconde por trás do espelho de Lady de Shallot.

Quando cheguei ao museu minha excitação foi abafada pela quantidade de visitantes naquele sábado. A exposição foi organizada de maneira cronológica. O espaço era todo em preto, com uma iluminação delicada, peculiar, intimista. Entre “Oráculo” e “O círculo mágico”, havia um sofá negro em forma de pentagrama. A atmosfera de encantamento foi muito bem elaborada. Mas era impossível caminhar, se aproximar ou tomar distância - complicado mesmo passar mais de alguns segundos na frente de cada quadro. As salas estavam completamente cheias. Comecei a sofrer imensamente achando que não iria poder apreciar a exposição! Claro que acho que a idéia de um museu cheio é maravilhosa: público interessado em arte e cultura representa uma sociedade em evolução. Ótimo. Mas precisavam todos vir ao mesmo tempo???? E falarem todos ao mesmo tempo????

Decidi ir passear pela coleção permanente e rever algumas das minhas obras preferidas neste museu. Perambulando pela arte da Europa ocidental, dos séculos 14 ao 18, passei algumas boas horas de prazer visual. Meia hora antes do museu fechar, voltei a Waterhouse.

Acho que de uma certa maneira devo ter merecido este momento. As cinco salas estavam praticamente vazias. Pude realmente sentir a atmosfera criada para esta exposição, as paredes escuras, as luzes suaves revelando aos poucos as pinceladas do artista. Pude enfim ouvir meus pensamentos instigados pelas imagens e examinar a técnica de pintura.
Ver; de perto e de longe.

Alguns minutos antes de fechar, na última sala, olhei ao meu redor e muito mais do que simples quadros, eram as presenças daquelas figuras na minha volta que se faziam sentir. Circe, Ariadne, Miranda e Psyche por um momento no tempo me fizeram companhia. Verdadeiro sortilégio materializado em imagem.

2 comentários:

Jefferson kulig disse...

Arte é sempre bom, lugares cheios não!

Radar Jefferson Kulig disse...

Estamos realizando uma promoção para cobertura do SPFW no desfile do Jefferson Kulig. Caso se interesse

mande e-mail para promocao@jeffersonkulig.com.br e aguarde as informações.

1º Lugar: 1 Convite para 1ª fila + 6 convites para sortear entre seus seguidores.
2º Lugar: 1 Convite na 1ª fila + 2 convites para sortear entre seus seguidores.
3º Lugar: 1 Convite na 1ª fila + 2 Convites para sortear entre seus seguidores.

Obrigado!